As instituições bancárias desempenham um papel importante no sistema financeiro de qualquer país, haja visto seu papel essencial no processo de economia de mercado. Em países emergentes, como o Brasil, onde o mercado de capitais não é tão desenvolvido, há necessidade de alternativas para a captação de recursos. Surge então as cooperativas de crédito com um instrumento de inclusão no sistema financeiro. Apesar de cooperativas de crédito serem consideradas organizações sem fins lucrativos, assemelharem-se tanto as instituições financeiras de varejo (pela quantidade de clientes), quanto as instituições de capital aberto (pelo direito a voto em assembleias e participação de resultados aos associados), de forma a apresentar motivos suficientes para a prática de Gerenciamento de Resultado. Dentre as formas de gerenciamento de resultados em bancos, há o gerenciamento: (1) artificial – promovido especialmente na conta de Perda para Crédito de Liquidação Duvidosa (PCLD), sem impacto no fluxo de caixa; e (2) real – promovido especialmente na conta de Receita com Prestação de Serviços (RPS), com impacto no fluxo de caixa. A segunda forma apresentada promove maiores danos à empresa e seus impactos são de difícil reversão, no entanto ainda não foi dada a devida atenção no Brasil. Assim, este estudo investiga se cooperativas de crédito brasileiras utilizam receita com prestação de serviços para gerenciar seus resultados. A amostra consistiu nas 98 maiores cooperativas, com dados anuais entre 2012 e 2020, totalizando 831 observações. A partir de dados coletados no site do IBGE e BACEN, foi possível analisá-los com a utilização de um modelo de Regressão Linear Multivariada com dados em Painel de Efeitos Fixos e Erros-padrão Robustos. Os resultados indicam gerenciamento de resultado para persistência dos lucros, determinado pela relação positiva entre a variável LAIR e RPS. Estes resultados convergiram com a literatura de base, haja visto o intuito de aumentar os lucros reportados. Detectou-se ainda que, a conta RPS está sendo utilizado de forma substituta a PCLD, e não complementar, o que pode indicar maior pressão dos órgãos de fiscalização e auditoria, haja visto que o gerenciamento real é de difícil detecção.